Em abril de 2013 produzimos um show diferente, com a idéia de promover uma celebração entre todos os músicos/compositores que trabalhamos e admiramos.
Chamamos esse show de “Coletivo A Banda Mais Bonita da Cidade”.
Nos esforçamos muito para juntar o máximo de excelentes artistas que estamos cercados aqui em Curitiba.
De certa forma, funcionou: pudemos trocar experiências e dividir o palco com muitas pessoas que admiramos, algumas de longe, outras bem próximas.
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Nesse processo, pudemos enfim nos aproximar um pouco mais de um compositor muito especial, muito peculiar em sua forma de escrever e cantar. Com idéias e personalidade fortes.
Esse é o Alexandre França. Compôs muitas músicas especiais e elegemos “uma para chamar de nossa” logo nos primeiros encontros do que viria a ser a banda mais bonita da cidade. Estou falando da pérola curitibana “Mercadoramama” (interpretada brilhantemente pelo próprio nesse clipe aqui).
Sua letra doce e sarcástica, sua forma e harmonia… isso tudo nos encantou quando a banda ainda era só uma idéia. Foi uma música que nos ajudou a formar nosso primeiro repertório, nossas primeiras idéias de arranjos e sonoridade.
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Uma das propostas desse show Coletivo era justamente mesclar músicas que tivessem qualquer relação e, nos ensaios, França e Troy nos mostraram essa canção incrível chamada “Saindo de Casa” que nos apaixonou de cara e entrou para o repertório do show. Uma música linda, leve e pesada, com um tempero curitibano-romântico.
O show ocorreu bem no meio do processo de gravação do nosso segundo disco. Já estávamos com o repertório definido há tempos mas eu estava sentindo falta de uma canção que tivesse um pouco da personalidade de nosso álbum de estréia, uma música com a letra especialmente curitibana… como era a Mercadoramama. E assim, eu e Uyara nos internamos em cima da Saindo de Casa e alteramos pedaços da forma e melodia originais (afinal, a desconstrução também é uma característica da banda mais bonita e na última hora, com só um ensaio, decidimos gravá-la. Foi a música com a produção mais fácil e foi essencial para nos lembrarmos de como soamos, de como trabalhamos, do que gostamos de cantar. Foi essencial para nos lembrarmos do que gostamos de sentir.
Até hoje, quando ouço ela no contexto do disco, me dá a sensação boa que tive ao ouvi-la pela primeira vez nos ensaios para o Show Coletivo.
Meses atrás, Vergínia Grando (uma das pessoas com a maior sensibilidade do planeta) nos procurou para gravarmos uma Tangerine Session, justamente da música Saindo de Casa.
Fiquei triplamente feliz:
Porque adoro quando a banda é convidada a produzir coisas;
Porque adoro as Tangerine Sessions, sou fã de todos os vídeos e seria uma honra imensa trabalhar com esse povo da Atomic Tangerine;
Porque (como expliquei em todo esse texto) essa é uma música muito especial e ela ter tocado também a Vick foi muito gratificante.
Como problema pouco é bobagem, decidimos refazer o arranjo e criar outros climas pra música, mesmo sabendo que a captação de áudio e de vídeo seriam difíceis, mesmo sabendo que não teríamos tempo pra ensaiar e que por culpa nossa o vídeo poderia ser a primeira Tangerine Session a ficar horrível.
Felizmente os deuses gostam muito da gente e deu tudo certo na gravação. Deuses, não. Ironias à parte: o mérito é a competência da direção da Vick e do Bernardo Rocha (diga-se de passagem, nosso melhor e mais divertido amigo), do Eli Firmeza/Carol Winter e todos os câmeras, de toda a equipe de produção, da edição, da captação de áudio, da mixagem… e da canção do França que abriu todas essas possibilidades de convergência entre a arte da escrita, da música e do vídeo.
Enfim esse foi o resultado. Espero que gostem.