O ilustre site Scream & Yell fez uma crítica sobre o nosso show no Festival Levada, no Rio de Janeiro.
Particularmente, foi um show que nós gostamos muito, o público estava maravilhoso, a produção do festival também era ótima, enfim, foi uma noite daquelas pra gente. =)
Uyara é a melhor vocalista da geração dela. A frase pode parecer presunçosa, mas é só comparar sem paixões. Quem tem o domínio que ela tem dos fraseados, quem segura bem canções de formatos tão diferentes quanto ela? Como uma Maria Bethânia dos novos tempos, Uyara canta descalça e com tons de dramaticidade nos gestos que imprimem uma sinceridade a tudo que canta de forma emocionante. É emoção que se espalha, por exemplo, quando vem a trinca de “Atriz”, “Triste, Louca e Má” e “Tigresa”. A referência a Francisco El Hombre e um dos melhores hinos feministas dos novos tempos abre espaço para uma reinvenção de sentido do clássico de Caetano Veloso (que a tigresa possa mais do que o leão, que a tigresa seja respeitada, possa andar na rua sem ser agredida).
Uyara dança e se movimenta no palco como estivesse em uma festinha de casa. Como se estivesse entregue ao som que vem das caixas, sem se importar muito com o que está ao redor, sentindo os riffs, o ritmo, a batida, a energia toda. E a banda é de uma coesão que impressiona. Vinícius Nisi no teclado, Marano no baixo, Luís Bourscheidt na bateria e Thiago Ramalho na guitarra conseguem imprimir peso e intensidade quando necessários e leveza e simplicidade nos momentos corretos. É da Banda Mais Bonita da Cidade a melhor versão de “Trovoa”, de Mauricio Pereira, já um clássico contemporâneo da música brasileira. A letra imensa, emotiva, cortante, apaixonada, ganha contornos de emoção genuína, de arrancar lágrimas do público. O mesmo que canta a plenos pulmões “Se Eu Corro” e “Boa Pessoa”, lá do primeiro disco.
A última música, “Oração” começa no palco e termina na rua, em plena calçada da Avenida Graça Aranha, numa roda onde, mais uma vez, a definição de Renato Russo ganha sentido: são canções amigas. Tem quem ache piegas falar de amor e amizade em canções simples. Raul Seixas ironizava esses ‘descolados’ desde os anos 70. Em “Tu és o MDC da Minha Vida”, ele dizia que ia ter com a moçada lá do ‘Pier’, mas sabia que para eles era ‘careta falar de amor’.
E isso retoma o primeiro parágrafo desse texto. Se para os descolados David Bowie tinha discos em que inseria lados b estranhos como em “Low” ou “Heroes”, é com uma canção em seu formato mais tradicional (“Heroes”, por exemplo), que ele alcança de uma forma intensa os corações de fãs (não à toa a música já fez parte da trilha sonora de mais de 10 filmes). O final de “As Vantagens de Ser Invisível” mostra a força de uma canção.
Há sempre quem prefira as experimentações que o Radiohead fez depois que abandonou o formato canção pop. Mas há também os que preferem pegar na mão da pessoa amada ao som de “High and Dry”, quando a banda canta “não me deixe mal, não me deixe sozinho/ Essa é a melhor coisa que você já teve/ A melhor coisa que você sempre, sempre teve”. Voltando para casa, emoção à flor da pele, lembrando de “Trovoa”, reflito nessa possibilidade de escolha. Que canção você escolheria para lembrar uma época, uma geração? Quais as canções você irá lembrar daqui a 10, 20 anos? E quais te farão ficar emocionado, saudoso, feliz, melancólico, nostálgico? Eu fico com minhas amigas, as canções simples e profundas, de letras que falam de mim, de ti, de nós.
leia a crítica completa aqui:
http://screamyell.com.br/site/2018/06/12/a-banda-mais-bonita-da-cidade-e-o-poder-da-cancao-pop/