10 anos atrás
# 01 – Do dia primeiro.
Eu estava bastante ansiosa por esse primeiro de fevereiro, não só porque era o nosso primeiro show do ano, mas porque conseguiria conciliar a banda com o meu trabalho de atriz. Pra quem não sabe eu nunca pensei em se cantora, sempre me dediquei ao meu trabalho com o teatro, à faculdade de artes cênicas na qual me formei em 2009. Quis ter uma banda pra me divertir, não achei que isso poderia ser uma coisa enorme, mas a vida é muito melhor do que a gente pensa e ao que me parece, acabei virando cantora também. Algumas pessoas me perguntam o que eu gosto mais de fazer, cantar ou atuar, e eu digo que são duas coisas muito importantes pra mim mas que me preenchem de maneiras diferentes e que no meu “mundo ideal” eu conseguiria fazer as duas coisas.
# 02 – Da família Neves.
Algumas pessoas entram na nossa vida e rapidamente ocupam um espaço danado de bom. Conheci a Talita Neves através do Paulo Biscaia (diretor do meu longa Nervo Craniano Zero) Começamos a trabalhar juntas, ela como diretora e eu como atriz. Tive uma identificação muito rápida com ela, acho que acreditamos em coisas muito parecidas, a Talita é o tipo de pessoa que coloca o coração na linha de frente, que trabalha com amor e pelo amor. O tipo de pessoa que carrega doçura em tudo que faz e que declara, declara a todo momento o amor pelas coisas e pessoas. Ela vem de uma família de teatro, em Bauru a família Neves tem uma história linda na movimentação cultural, e entre as coisas promovidas por eles, tem a Mostra de Teatro Paulo Neves.
# 03 – De onde as coisas se juntam.
Um dia a Talita veio nos contar que apresentaríamos a nossa peça “Histórias de Cachorros e outros Animais” na Mostra de Teatro Paulo Neves, e que a peça aconteceria no teatro que leva o nome de sua avó. Fiquei muito feliz e com um sentimento de responsabilidade enorme, de repente a Talita tinha virado uma pessoa realmente importante pra mim e achei que tinha que dar o meu melhor pra honrar o teatro “de sua avó”.
Depois ela veio me sondar sobre a possibilidade de ter um show da banda dentro da programação da mostra, eu imediatamente disse “Claro!” Não só porque a banda já tinha tido uma experiência linda em Bauru, mas também porque pra mim era como juntas minhas partes, minhas pessoas, meus amores.
# 04 – De como foi o dia.
Então lá fomos nós!
Na mesma van eu tinha figurino da peça e figurino do show, eu tinha elenco e tinha banda, e estávamos todos ali dividindo o mesmo saquinho de biscoito de polvilho, parece bobo, mas é como se finalmente eu pudesse me sentir mais perto do que é estar completa. Eu sabia que o dia não seria fácil, tinha peça e show no mesmo dia. (e quando eu digo peça e show lembrem-se que para cada um deles existe uma preparação, passagem de som, de luz, de cena, de texto, não é só chegar e fazer) seria um dia cansativo, mas eu estava realmente feliz.
Chegamos em Bauru depois de passar a noite na estrada tomamos um café da manhã tranquilo e nos dividimos: a banda ficaria no hotel descansando e o elenco ia pro teatro passar a peça e luz e etc. Almoçamos todos juntos no Tayu e depois quando eu já estava no teatro, vi um vídeo postado pelos meninos da banda pulando na piscina, e eu pensei “ok garotos, mandem ver aí pq eu tenho uma peça pra fazer!” e esse pensamento me encheu de felicidade.
Um pouquinho antes de começar recebo uma msg dos meninos dizendo que estavam indo pro teatro, queriam ver a nossa “História de Cachorros e outros Animais”. Os meninos são como meus irmão e alguns deles estavam me vendo pela primeira vez num palco como atriz, fiquei um pouco nervosa com isso, mas muito feliz de saber que eles estariam ali, no público.
Terminou a peça e corremos eu e os meninos para a passagem de som, que foi chatinha, como toda passagem de som (risos). Ao fim da passagem fomos jantar todos juntos, elenco, banda e equipe toda. Eu estava muito muito cansada e começando a pensar de onde eu tiraria energia pra fazer o show.
Enfim, chegamos no Jack Music Pub e já tinha uma galera e muito muito calor!
É impressionante o tipo de alerta que o corpo tem, eu estava super cansada e sem energias, mas na hora do show é como se uma coisa se acendesse em mim! Eu estava acumulada, sem fazer show a mais de um mês, quando começou era como se eu pudesse gritar ali todas as minhas inquietações, dores, amores, euforias e eu não estava sozinha, o público de Bauru (mais uma vez) estava muito presente, cantando todas as músicas e vivendo aquilo tudo junto com a gente, trocando, trocando, trocando. acendendo! E quem estava no público do show?? O elenco da minha peça!!! Agora, eu estava ali, Uyara cantora sendo assistida pelos amores do elenco e equipe da peça.
Terminamos o show, ficamos ainda um tempo tirando fotos, conversando, ouvindo um pouco da vivência que as pessoas tiveram com a banda.
Enfim entramos na van, completamente exaustos mas muito felizes e com um super sentimento de gratidão.
Gratidão por poder fazer o que se ama, gratidão por estar cercada de pessoas tão incríveis e talentosas, gratidão por no mesmo dia poder ter feito as duas coisas que mais amo fazer no mundo.
Falando assim, fica parecendo que só tenho coisas lindas na vida, não é verdade, tenho mil conflitos, e angustias e inquietações, mas esse primeiro de fevereiro em Bauru me fez pensar que a vida é boa. Que tenho as melhores pessoas do mundo do meu lado e que minha profissão é um sol dentro de mim.
Obrigada família Neves
Obrigada banda mais bonita
Obrigada História de Cachorros e outros animais.
Que seja um ano cheio de “primeiro de fevereiro” .
Que venha o que tiver que vir e nós estaremos aqui e peito aberto e coração na linha de frente.