10 anos atrás
Do meu coração de jacu.
Tem essa frase que um dia eu pensei que seria uma boa frase pro meu “about me” das redes sociais “cabelo moderno e coração de jacu” Pra quem não sabe, Jacu é um pássaro e também um tipo de expressão pra se referir a pessoas do interior, acontece que muita gente usa esse termo de uma maneira pejorativa, como se ser jacu fosse ser alguma coisa menor. Eu acho que ser “jacu”, ter sido criada numa cidade do interior é o que eu tenho de melhor em mim.
Na verdade isso é só uma introdução pra falar sobre como é voltar pra sua cidade depois de ter saído a quase 10 anos pra mostrar o seu trabalho.
Dos pequenos medos.
Quando eu soube que faríamos show em Paranavaí fiquei um tanto nervosa, sinto um mistura euforia e medo, voltar “pra casa” é quase sempre uma sensação de ter que mostrar “mostrar serviço”.
Enfim chegou o dia, chegamos em Paranavaí e no lugar de ir pra um hotel fomos pra casa dos meu pais, ah como é bom! Café na mesa, muitas comidinhas e muito muito amor! Ficamos por ali um tempinho até a hora de passar o som.
Um pouco antes de começar o show eu estava muito nervosa com coisas que não deveriam ter um espaço em mim, eu tinha a sensação de que eu precisava ser perfeita, que eu tinha que estar linda, eu não podia ser uma decepção em nenhum aspecto, eu tinha que agradar, comecei a entrar nisso até que interrompi o meu pensamento e eu disse pra mim mesma, “seja honesta, bota o coração na mão e vai!” Então eu decidi que esse seria o show em que eu faria uma maquiagem que eu vinha pensando a algum tempo, que são uns tipo de sardas vermelhas no rosto e as mãos pintadas de um vermelho forte, essa maquiagem pra mim era de certo modo a metáfora do disco novo da banda e de como eu me sinto quando estou num palco cantando, me sinto exposta e sangrando de certo modo. E foi muito bonito, porque quando eu achei que os meninos iam rir de mim por conta da maquiagem eles na verdade entraram na brincadeira e nós entramos todos com os “vermelhos”!
Dos reencontros.
A vida é muito maluca e maravilhosa. Eu tenho um primo que eu praticamente perdi o contato depois que crescemos, eu sabia algumas coisas sobre ele, meu pai sempre dizia que ele tinha virado um puta músico maravilhoso mas pra mim ele era praticamente um desconhecido. Quando na virada de 2012 para 2013 eu estava muito muito muito triste e frustrada porque eu havia me programado pra passar a virada com um então namorado no Rio de Janeiro e no fim das contas eu não tinha mais nada, nem o namoro e nem minha tão esperada virada de ano em terras cariocas. Então meu pais me convidaram pra passar a virada com eles, no litoral paranaense junto com uns parentes e tals, na hora eu achei tudo muito chato, eu estava triste e frustrada, mas também, não tinha outra escolha, fui. Foi realmente muito importante, eu reencontrei esse primo, e foi demais! Ele não só tinha virado de fato um puta músico como uma pessoa muito legal! E eu pensei que eu gostaria muito que ele fizesse um show comigo.
Das participações.
Senhoras e Senhores com vocês Rafael Torrente!!! Sim! finalmente o meu primo reencontrado na vida pode subir no palco comigo e foi muito feliz! Eu fiquei super orgulhosa de ouvir os elogios dos meus amores de banda sobre o talento do meu primo, foi muito muito especial! E como se não bastasse quem é que estava lá pra bagunçar com a gente também?????? Ele, nosso amor Diego Plaça!! AAAA que puxa!!! foi tão bonito! Estar no palco com pessoas que vc ama vale por uma vida!
Do coração que transborda.
E foi isso, o show foi muito bonito, foi emocionante. Eu penso que eu não sei o caminho do “dar certo” mas a cada dia que passa, a cada experiência dessa eu confirmo que a melhor direção é sempre aquela em a gente bota o coração na linha de frente. Quase sempre não é simples, quase sempre não é fácil, quase sempre da muito medo e até um doídinha, porque estar ali é se expor, é ter que assumir as fragilidades e isso exige coragem e energia, mas essa é a direção que eu acredito, ao final não importa o que vc vestiu, ou a maquiagem que vc usou, ou se você entrou de salto ou descalça. No final o que fica é a comunhão da gente com o publico, e no final o coração da gente parece que transborda de tanto amor e gratidão.