11 anos atrás
Se tem uma coisa da qual se pode reclamar nesse negócio de viajar o Brasil tocando, essa coisa é a falta de tempo. Você normalmente se vê em situações de espera. Espera para despachar bagagem, espera para embarcar, espera para decolar, espera para ir ao local do show, espera pra passar o som, espera para tocar, espera o público dispersar, espera a van sair… Uma lista infindável de pequenas ou grandes esperas. Paciência…
Pois bem. Esperamos bastante para ir ao Recife. Fomos em 2012; pela primeira vez. A ocasião era o tradicional festival Abril Pro Rock. Chegamos atrasados para a passagem de som e, a seguir, abrimos o show de reunião do Los Hermanos, tocando nervosíssimos para 15 mil pessoas ávidas pelos clássicos do quarteto carioca. Nem preciso dizer que não tivemos tempo de conhecer bem a cidade, pois teríamos de tomar um vôo na manhã seguinte…
Mas a rápida passagem, se roubou-nos o tempo, reservou uma bela surpresa durante a noite do festival. Trata-se de um rapaz de discurso calmo, braços fortes e olhar atento, que tinha se apresentado antes de nós, e o fez com o público nas mãos. Isso porque sua música e poesia tomam de assalto mesmo… Esse “pirraia” é o Tibério Azul. Foi ao camarim se apresentar e, acompanhado do não-menos-talentoso Vitor Araújo, nos rendeu também. Semanas depois, encorajados pelo China (amigo em comum que vocês já conhecem bem), iniciamos uma troca de idéias musicais via internet e logo nos víamos compondo a primeira canção em parceria d’A Banda Mais Bonita da Cidade. Um privilégio, pois Tibério fez transbordar imagens sensacionais nos versos de “Maré Alta” e, desde então, nos permite acessar um pouco da paisagem de Recife em nossa memória e em nossos shows. O resultado vocês conferem em nosso novo álbum “O Mais Feliz da Vida”; sem pressa, com tempo de sobra.