10 anos atrás
Sempre que a banda toca em um lugar pela primeira vez, existe um tipo de frio na barriga diferente. Não sabemos exatamente qual o nosso público na cidade, não sabemos que tipo de recepção ou dificuldade teremos e existe nisso um tipo de excitação, de ansiedade. Quando eu soube que tocaríamos em Guarapuava fiquei muito feliz, primeiro porque seria uma cidade nova na rota da banda ( e isso é sempre uma delícia, sempre imagino um mapa e os pontinhos vermelhos nos lugares onde já passamos, -risos-) segundo porque tenho uma relação emocional com cidades do interior do Paraná (visto que sou de Paranavaí) e terceiro por ser num evento aberto, com uma programação de vários shows, ou seja, público espontâneo, público que não necessariamente vai para ver o show da banda e isso é sempre um desafio gostoso.
Na verdade o desafio já começava no cronograma da semana que antecedia o show. Estivemos no dia 17/10 em Belo Horizonte, dia 18 em Três Pontas, dia 19 em Fortaleza, dia 20 viajei pra Iatacoatiara (algumas horas de Manaus) fiquei lá até dia 24 no Festival de Teatro do Amazonas, dia 25 tocamos dois shows num evento particular e da madrugada do dia 25 para o dia 26 pegamos a estrada para Guarapuava. Estávamos bastante cansados, ao contrario do que algumas pessoas pensam, nessa vida não existe glamour, como o Vini já disse lindamente aqui.
Chegamos por volta das 10h direto para a passagem de som, como sou a ultima a passar tirei um cochilo no case do teclado do Vini, no palco batia um vento gelado que me fez pensar que eu precisava providenciar um casaco para o show. Depois do almoço fomos atender a imprensa que agenda entrevistas previamente com a nossa assessoria. E então pudemos finalmente descansar. Acreditem, se existe uma palavra feliz nessas situações, essa palavra é DORMIR. Mas algo aconteceu, uma ligação por volta das 20:40 dizendo que teríamos uma entrevista de ultima hora na recepção do hotel. Descemos todos e esperamos por volta de 30 minutos e nada de chegar alguém para a tal entrevista, desistimos de esperar e fomos a procura de um lugar pra comer quando de repente fomos abordados na porta do hotel por dois jovens, que estavam bastante emocionados ao nos ver, estavam eufóricos e falavam sem parar, sem respirar e no meio disso começaram a confessar uma história um tanto confusa, que tinham conseguido – através de umas mentirinhas – uma credencial de imprensa para terem acesso ao backstade, que ligaram de hotel em hotel se fazendo passar por organizadores do evento até descobrir onde estávamos, até que de algum modo (imagino a lábia desses dois!) conseguiram agendar uma “falsa entrevista” com a banda, entrevista essa para qual fomos acordados e esperamos mais de 30 minutos. No fim das contas foi engraçado, os dois jovens estavam tão felizes! Eles tinham cartinhas, bichos de pelúcia e confessaram a história com um tanto de orgulho, diziam ter valido a pena, visto que eles estavam ali na nossa frente contanto tudo isso. Achei isso completamente maluco, tanto eu quanto todo mundo da banda somos completamente acessíveis, não precisa de todo esse plano maluco! Acho que os jovens estavam mais se testando numa aventura, -risos-.
Depois do jantar veio a triste informação de que não tocaríamos mais porque um vendaval teria derrubado o palco. Para Guarapuava a Virada Cultural terminava ali, não se fecharia conforme a programação com o show da Fafá de Belém e depois o nosso. Voltamos na mesma noite para Curitiba, um tanto frustrados e a espera de uma nova possibilidade de tocarmos lá. Guarapuava nos aguarde!!! ”
Beijos.